quarta-feira, 23 de março de 2011

COELHO NETO

COELHO NETO: DA FAMA AO ESQUECIMENTO
(O Estado do Maranhão,  23 de março de 2011)
Jheysse Lima Coelho
José Neres

            Henrique Maximiano Coelho Neto (1864-1934) é um dos mais prolíficos escritores da literatura brasileira. Dono de uma copiosa produção literária, que vai do conto ao romance, passando pela poesia, pelo teatro e por outros gêneros, o intelectual maranhense nascido em Caxias teve seus momentos de glória do final do século XIX até as primeiras décadas do século XX, quando seu nome era aclamado pelos amantes das letras.
            Ao longo de sua carreira, Coelho Neto galgou todos os degraus da fama e do sucesso. Foi eleito, por voto popular, Príncipe dos Prosadores Brasileiros, tornou-se membro fundador e presidente da Academia Brasileira de Letras, sendo também o primeiro brasileiro indicado para um Prêmio Nobel de Literatura, além de conquistar o mercado editorial no Brasil e em Portugal, país no qual sua obra teve excelente recepção. Admirado por uma multidão, Coelho Neto teve ainda em vida todas as glórias que poderiam ser destinadas a um homem de letras, mas décadas após a sua morte, teve quase todo o seu trabalho relegado ao ostracismo e acabou ficando mais conhecido na historiografia literária por sua riqueza vocabular e por seus giros sintáticos do que pela arquitetura e pela inventividade de seus textos.
No romance “A Conquista”, publicado em 1899, Coelho Neto abordou, principalmente através das personagens Anselmo e Ruy Vaz, a marginalização que os escritores sofriam naquela época. Além de ser indiscutivelmente uma crítica à sociedade, o romance também não deixa de conter uma curiosidade: será que há ali uma espécie de premonição para o que viria acontecer posteriormente com o até então quase incontestado escritor? Certamente, Coelho Neto não imaginaria que isso poderia acontecer-lhe, logo com ele, que era o autor mais festejado de seu tempo, uma espécie de best-seller da época. Mas o parecia improvável aconteceu e nos dias atuais Coelho Neto é um nome raramente citado nas academias e nem mesmo pronunciado pela maioria dos jovens, que desconhecem a produção literária desse escritor maranhense.
Torna-se muito simplista, porém, afirmar que o autor de “Banzo”, “O Morto” e “A Capital Federal” não seja lido na atualidade apenas por não ser mais um romancista mercadologicamente atrativo, por não estar na lista dos livros mais vendidos, por não ultrapassar a tiragem de milhões de exemplares ou por não ter suas obras transformadas em filmes Hollywoodianos. Claro que todo esse marketing seria válido e até influenciaria na mudança do horizonte de expectativas dos hipotéticos leitores. Entretanto não foi essa a principal causa da marginalização da obra de Coelho Neto.
O pesquisador Eliezer Bezerra, em seu livro sobre o prosador maranhense, denominou esse movimento de rejeição à obra coelhonetiana de onda modernista e comenta que uma campanha de apagamento da importância literária de Coelho Neto foi desenvolvida por algumas pessoas (denominadas pelo ensaísta de pseudomodernistas) incapazes e ambiciosas por glória sem esforço. Historiadores literários como Antônio Soares Amora e Massaud Moisés, por outro lado, apontam como causas principais do esquecimento do autor de “Miragem” a irregularidade de sua obra e os exageros no uso do vernáculo, o que poderia dificultar o acesso das novas gerações aos trabalhos do escritor
O fato é que Coelho Neto tem seus méritos e, assim como todos os demais escritores da época, meu contribuiu para o engrandecimento a nossa história literária. Livros como “A Conquista”, “Turbilhão”, “Rei Negro” e “Sertão” são algumas das obras de Coelho Neto que ainda podem despertar o interesse dos leitores da atualidade, mas, infelizmente raramente são encontrados nos catálogos das editoras e nas prateleiras de livrarias e bibliotecas, o que se torna mais um obstáculo na tentativa diminuir a concepção de que Coelho Neto é um escritor sem importância para a atualidade.

segunda-feira, 21 de março de 2011

SUGESTÃO DE LEITURA

O leitor que gosta de desafios irá adorar o meis recente livro de Ronaldo Costa Fernandes. O enredo traz uma surpresa em cada página e desnorteia os mais desavisados.

quarta-feira, 9 de março de 2011

ARTIGO NA REVISTA LITTERA


No mais recente número da Revista Littera, do Departamento de Letras daUniversidade Federal do Maranhão, foi publicado um artigo de nossa autoria sobre os contos de Ronaldo Costa Fernandes, um dos mais importantes intelectuais da atualidade.
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PRIMEIRO LIVRO

O PRIMEIRO LIVRO
José Neres


            Constantemente somos consultados sobre como publicar o primeiro livro. Quase sempre a pessoa diz que já tem o trabalho pronto e deseja transpor o manuscrito ou o arquivo digital para a forma de livro. Na teoria, essa tarefa parece ser bastante fácil, mas, na prática, aparecerem inúmeros obstáculos que podem adiar ou até mesmo abortar o sonho de tirar o livro do campo da abstração e transformá-lo em um objeto que se divide entre o preço de capa e o valor sentimental.
            Faremos a seguir algumas considerações acerca do assunto. Sem perspectivas alarmistas ou de falsas esperanças, vamos comentar o percurso a ser transcorrido por quem pretende publicar seus trabalhos.
            Depois de ter o livro concluído, revisto e revisado, o passo seguinte é procurar uma editora. Caso uma casa editorial se interesse pelo texto, ou autor não terá mais que se preocupar com questões como diagramação, capa, legalização, impressão e distribuição, pois tudo ficará a cargo de pessoas altamente qualificadas no assunto. Contudo, se o aspirante a escritor decidir apostar em uma publicação independente, deve ficar atento para as seguintes informações:
  1. Todo trabalho intelectual deve ser legalizado, com preservação dos direitos autorais e com número de ISBN. Não é raro encontrar casos em que o autor se preocupa apenas com a impressão gráfica e com o lançamento, deixando de lado os aspectos legais da publicação. Uma consulta à página eletrônica da Biblioteca Nacional será de grande valia para a compreensão desse processo.
  2. Publicar um livro não transformará você em uma celebridade da noite para o dia. Algumas pessoas pensam que, logo após a publicação do primeiro livros, uma multidão irá reconhecê-lo como genial escritor, como a grande revelação das letras. Mas isso possivelmente não acontecerá e são grandes as chances que nem mesmo a família do autor leia o trabalho dele.
  3. Contratar uma gráfica de confiança. Um dos grandes erros do escritor iniciante é o de entregar um serviço dessa importância a pessoas sem experiência no assunto. É sempre bom consultar um colega mais experiente, fazer diversos orçamentos e pedir para ver alguns livros que já tenham sido impressos pela gráfica. Nem sempre um preço elevado está relacionado com boa produção. Nunca é bom contratar o serviço com base apenas nos valores cobrados. Tanto o barato quanto o caro podem ser armadilhas perigosas.
  4. O acúmulo de funções é inevitável. Além de criar sua pretensa obra de arte, o aspirante a escritor terá também que, quase sempre, ser digitador, revisor, patrocinador, supervisor, carregador, distribuidor e/ou vendedor do próprio trabalho. Ainda por cima terá que enfrentar situações em que o comprador do livro duvide da autoria do trabalho e ou que compre o livro com se estivesse dando uma esmola para o autor.
  5. As chances de o primeiro livro ser também o último são muito grandes. Muitos são os casos em que, após um esforço hercúleo para editar o trabalho de estreia, o autor se sinta desmotivado, sem forças ou mesmo sem dinheiro para continuar na carreira de escritor. A falta de reconhecimento e os baixíssimos retornos financeiros são algumas das causas disso.
  6. Haverá mais pessoas pedindo o livro do que querendo comprá-lo ou lê-lo. Essa é outra realidade que desestimula o escritor novato. Somente com muito esforço ele poderá recuperar os recursos investidos na produção do primeiro livro ou pelo menos parte deles.
  7. A satisfação de ver sua obra lida e comentada por alguém é uma das maiores recompensas para o autor. A indescritível alegria de saber que colocou no mundo um trabalho intelectual é algo que transcende a todo e qualquer pensamento de retorno financeiro. É o que realmente pode contrabalançar as dores angústias de trazer ao mundo um frágil livrinho que talvez possa ser importante para outras pessoas além do autor, de sua família e de seu restrito círculo de amizades.

            Mas, apesar de todos esses percalços, vale a pena lutar para transformar um sonho em realidade.