domingo, 28 de agosto de 2011

LANÇAMENTO DE LIVRO

Em breve, estudantes, professores e pesquisadores da linguagem terão acesso a mais uma importante obra de altíssimo nível. Trata-se do livro  Português Falado e Escrito: O ENEM em Questão, de autoria da professora Kátia Cilene Ferreira França. O livro é fruto de sua dissertação de mestrado e traz importantes discussões acerca do Exame Nacional do Ensino Médio.



terça-feira, 23 de agosto de 2011

CAFÉ LITERÁRIO

Vejam abaixo o convite para o café Literário que será reaalizado no dia 30 de agosto. Esperamos você por lá!

 

domingo, 21 de agosto de 2011

SEMANA MONTELLIANA

Participem da Semana Montelliana


domingo, 14 de agosto de 2011

CONTO: DIA DOS PAIS


Continuando a série de contos sobre datas especiais (infelizmente, por falta de tempo, não pude postar alguns, que virão ano próximo). Apresento a vocês nossocnto sobre o dia dos pais.

DIA DOS PAIS
 José Neres


                A notícia de que era pai veio com a mesma intensidade de um chute nos testículos. Ele jamais havia imaginado que aquela transa meio torta no muro do cemitério teria consequências tão drásticas. E ela nem era tão gostosa assim! Mas acidentes acontecem...
                A criança agora estava com sete anos. O exame de DNA era totalmente dispensável. Bastava olhar o garoto e ver as inúmeras semelhanças. Qualquer foto do pai com a mesma idade poderia ser confundida com a do filho que agora lhe era apresentado. Não tinha como não assumir a paternidade. A mãe da criança não pedia dinheiro, nem casa, nem nada. Apenas o nome dele no registro de nascimento. E uma visita vez ou outra. Era uma espécie de presente dado ao menino que sempre pedia para conhecer o pai.
                O encontro entre os três se deu em um shopping movimentado. Um pai, uma mãe, um filho... nenhuma família. Cumprimentou o garoto com um sorriso amável. O mesmo que ele oferecia a seus clientes na hora de fechar um negócio. Nada mais... Para a mãe, o olhar foi um pouco mais demorado. Ele estava bonita. Ganhou corpo e agora despertava um desejo carnal do qual não se lembrava e ter tido naquela fatídica noite. Aquele decote generoso e as pernas torneadas em nada lembravam aquela criatura esmilinguida que trincava os dentes para não gritar durante o prazer compartilhado naquela noite de São João.
                As diversas redes sociais de que ele participava foram decisivas no acompanhamento da vida do pai da criança. Ela sabia que ele estava noivo. Que o casamento seria dentro de alguns meses. Que a noiva era bonitona, rica e metida a modelo fotográfico... Tudo o que um perfil falso inserido na lista de amizades virtuais poderia mostrar. Ela estava bem informada. Ele ignorava até mesmo o nome dela. O menino levava o primeiro nome dele.
                Uma solução era reconhecer a criança. A noiva deveria entender tudo. Ela sabia que ele nunca fora santo. A outra solução era arrumar um jeito de limpar o próprio passado. Na semana seguinte seria o dia dos pais. Uma excelente oportunidade de pôr seus planos em prática. Tudo limpo. Tudo feito de modo rápido. A criança não tinha culpa do descuido dos dois.
                Uma desculpa qualquer e estava livre para passar parte do domingo dos pais com o filho. Na cabeça, o plano engrenava com maior convicção, não deixando que o pai aproveitasse o lanche, o sorvete, o parquinho. Olhava o menino e via os problemas do futuro. Via os recibos, as notas fiscais, as listas de livros... Não via felicidade. Só problemas.
                Mas o garoto era esperto, conversador, cheio de histórias para contar. Não parava de falar. O pai a nada ouvia, mas o menino se entusiasmava com a inédita figura paterna a seu lado. A felicidade inundava seus olhos. Era hora de voltar. O plano já tomava ares de solução imediata para todos os problemas. Hora e voltar. No carro, o menino insistia em ir no banco de trás. Argumentava com o pai usando os argumentos aprendidos na escola sobre regras de trânsito. Mas a vontade de ver o mundo pelo para-brisa foi mais forte. Para que cinto? Homem que é homem tem que andar livre... O menino sorriu. O pai era um herói que de nada tinha medo.
                Beijou a testa do filho. Duas lágrimas rolaram pela face. Colocou o cinto e segurança em si mesmo. Deu partida no carro e viu a sua frente a reta estrada que lhe traria algumas complicações, mas que o conduziria à liberdade. Um homem tinha que andar sempre livre. Acelerou o carro. Tinha um compromisso inadiável com algum dos postes que beiravam a estrada da vida.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

NOSSA LÍNGUA...

LÍNGUA MATERNA: UMA FERRAMENTA PROFISSIONAL
José Neres
(O Estado do Maranhão, 02 de agosto de 2011)

            O mercado de trabalho está a cada dia mais exigente e competivivo. Os aspirantes a uma vaga em uma empresa não têm mais o diploma como único diferencial, precisam de aperfeiçoamento constante, de cursos de atualização e do domínio das novas tecnologias. Quem já conseguiu um emprego também não pode descuidar-se da própria formação, investindo constantemente na aquisição de novos saberes e na ampliação do domínio de seus conhecimentos profissionais. 
            Contudo, no meio de toda essa luta pela sobrevivência e/ou por cargos e salários mais elevados, um dos instrumentos mais importantes no sucesso profissional vem sendo esquecido ou pelo menos relegado a um segundo plano: o estudo da língua materna. No nosso caso, o da Língua Portuguesa.
            Não é preciso, porém, que todos se tornem experts nos mecanismos do idioma, nem que dominem cada uma das nomenclaturas gramaticais para que consigam um cargo ou uma promoção. Mas é essencial que o profissional ou aspirante à vida profissional tenha certa desenvoltura na expressão oral e escrita, ou seja, que saiba falar dentro de um nível aceitável da linguagem oral e que consiga desenvolver, em uma folha de papel ou na tela do computador, um raciocínio lógico e bem articulado.
            Durante todo o processo seletivo e ao longo da vida profissional, o uso adequado da língua materna é tão importante quanto a roupa e a quantidade de títulos que são postos no currículo. Mas, infelizmente, há quem esteja mais preocupado com a aparência física, acreditando que ela é o verdadeiro passaporte para o pleno desenvolvimento da carreira.
 Saber concordar as palavras, utilizar corretamente pronomes, verbos, substantivos, conjuções, preposições e demais classes de palavras, sem apelar para a ostentação vernacular, pode se tornar um diferencial em um mercado a cada dia mais voltado para a comunicação interna e externa. Saber escrever de forma fluente, evitando os desvios gramaticais mais constrangedores e conseguir expressar-se de modo claro, objetivo e elegante são qualidades valorizadas tanto nos órgãos públicos quanto nas empresas privadas.
Mas como desenvolver essas qualidades? Como usar a lingua materna a nosso favor no mundo profissional? As respostas são várias, mas costumam passar todas pelos mesmos caminhos:  estudo regular intensivo e  leitura de bons textos.
Mesmo as pessoas que têm facilidade na expressão escrita e na oral precisam estar em constante prática de estudo, para que os conteúdos aprendidos não se diluam com a falta de uso e também para que as novidades linguísticas sejam internalizadas. Não se trata apenas de fazer cursos e mais cursos a fim de acumular certificados, mas sim de constante atualização com interesse maior na aprendizagem e na expansão do conhecimento. O contato com textos bem escritos é  também primordial para o aumento do vocabulário e para obtenção de estruturas sintáticas menos usuais, porém utilizáveis no dia a dia.
Durante toda a formação escola, da educação básica ao ensino superior, deve sempre haver espaço para a valorização da língua materna. O profissional deve sair de uma instituição de ensino não apenas com um diploma e com os conhecimentos técnicos, mas também com possibilidade de desenvolver suas ideias oralmento e/ou por escrito. Por isso causa estranheza que algumas instituções de ensino superior venham retirando as disciplinas relacionadas à Língua Portuguesa de suas estruturas curriculares. Não se sabe se isso ocorre por economia ou por simples desprezo pelo estudo da Língua. Mas de qualquer forma é algo nocivo à formação daqueles que são considerados o futuro de um País.
Negar aos futuros profissionais a possibilidade de desenvolver, de forma sistemática, a expressão oral e escrita pelo estudo da língua materna é negar-lhes também uma importante  ferramenta que pode ser decisiva para o desenvolvimento da carreira. E, quando se trata de Educação, o essencial nunca pode ser negado. O futuro cobrará essa dívida.