Nesta tarde/noite linda de chuva, nada melhor do que um poema para mostrar que, com sol ou chuva, o importante é viver e buscar um nexo em tudo...
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
BANDEIRA TRIBUZI
TRIBUZI: UM POETA COMPLETO
Antônio José Maciel Soares[1]
José Neres[2]
Fonte da imagem: internet |
Na literatura brasileira, há muitos autores que mereceriam um maior reconhecimento por parte do público e da crítica. São escritores que, apesar do imenso talento, não são devidamente divulgados em todo o território nacional e acabam sendo vistos como talentos apenas regionais, quando em verdade apresentam qualidades suficientes para serem postos em categorias mais elevadas. Entre esses nomes, pode ser citado o de José Tribuzi Pinheiro Gomes, literariamente conhecido como Bandeira Tribuzi.
Tribuzi, escritor, jornalista, orador, professor e poeta maranhense, nascido em 02.02.27 e falecido em 08.09.77, figura entre os maiores nomes da poesia maranhense. ele escreveu “Alguma Existência”, “Rosa da Esperança”, “Safra”, “Sonetos”, “Pele e Osso” e “Íntimo comício”, entre outros.
Ele muito contribuiu para que a poesia maranhense, num tempo em que ainda se cultivava a forma parnasiana, num contexto em que a Semana de 22 não conseguia penetrar, fosse modernizada, contribuindo para novos caminhos no que se refere a padrões estéticos literários, mas sem a intenção e pretensão de formar escola.
Como muitos poetas, Tribuzi não deixou de retratar também em suas obras a injustiça social, podendo ser visto também como um poeta engajado. Sua imensa capacidade administrativa, levou-o ao cargo de assessor de governo, com uma militância acima de tudo poética contemplando os menos favorecidos, pois Tribuzi ao chegar de Portugal, onde estudava, ficou chocado com a pobreza em que vivia o povo maranhense e com a injustiça social que havia. Houve um choque cultural pelo contraste entre a realidade dos dois países. O poeta, munido de consistente formação humanística e com uma sensibilidade bastante aguçada, não poderia ficar alheio ao sofrimento do povo, o que fez surgir um poeta gauche, contestador, político e lírico ao mesmo tempo.
O prazer pela criação literária e seu grande conhecimento de estética fizeram com que Tribuzi criasse vários poemas falando do próprio fazer poético, caracterizando nesse sentido, a metalinguagem, umas das marcas de sua obra, além de sempre demonstrar o grande amor que sentia por São Luís, conforme pode ser visto em diversos de seus poemas.
Em seu livro “Alguma Existência”, percebe-se uma característica peculiar do poeta, a quase total ausência do uso de sinais linguísticos como pontos, vírgulas, etc. Devido a isso, comenta-se um fato pitoresco: um dia o poeta foi comprar um sapato e perguntado sobre sua pontuação o mesmo disse que não usava pontuação.
Bandeira Tribuzi não se atinha apenas ao exterior, à casca do ser humano, preocupava-se também com o interior, retratando a aparência e a essência. Em seu poema “Pele e Osso” o poeta deixou evidente essa característica, o que fez descartar a acusação que muitos olhe imputaram de ser materialista, demonstrando que, além de se preocupar com o lado social da vida, refletia em suas obras a importância da essência humana.
Na ocasião da morte de Tribuzi, em 1977, José Sarney publicou um longo artigo intitulado “Por quem choram as casuarinas”, no qual cita as inúmeras qualidades do poeta, ressaltando a importância de Tribuzi para a poesia maranhense. Sarney fala também do homem comprometido com o fato social, do homem sensível, o mesmo cita nunca ter conhecido alguém tão bom, tão avesso ao ódio, um homem sem maldade no coração. Curiosamente, Bandeira Tribuzi nos deixou no dia do aniversário da cidade que tanto amou.
sábado, 1 de janeiro de 2011
LIVRO DE SONETOS
Como prometi, aqui está nosso livrinho de sonetos para quem quiser ler. Um feliz 2011 para todos...
domingo, 26 de dezembro de 2010
GULLAR GULLAR
![]() |
Ferreira Gullar - Fonte: Internet |
Nos próximos dias, entraremos em um novo ano, este blog passará também por algumas reformulações estéticas. Mas por enquanto isso, vamos seguindo com a estrutura de 2010. O texto a seguir foi publicado em O Estado do Maranhão desta Semana e trata sobre o trabalho de dois grandes poetas. Boa leitura!
GULLAR NO OLHAR DE QUIROGA
José Neres
Marcus V. Quiroga - imagem: Site do Antônio Miranda |
Professor com doutorado em Literatura, pesquisador experiente, poeta detentor de diversos prêmios literários, membro da Academia Carioca de Letras e do PEN Clube do Brasil, Marcus Vinicius Quiroga não esconde de ninguém que é um grande admirador da obra do autor do Poema Sujo e, como forma de imortalizar essa admiração, mergulhou durante anos na vida, na obra e no estilo de Gullar, o que resultou, entre outros trabalhos, no livro “Gullar Gullar”, recentemente publicado.
O livro é o que alguns teóricos chamam de obra-pastiche e não pode ser creditado apenas à admiração de um escritor por outro, mas sim como fruto de inúmeras horas de estudo e de dedicação. O livro de Quiroga é tecnicamente um pastiche, na melhor acepção da palavra, podendo ser colocado lado a lado com outras obras que também prestam homenagem estilística a grandes escritores das letras nacionais, como é o caso de “Em Liberdade”, de Silviano Santiago, que retoma o modo de escrever de Graciliano Ramos; e “Capitu: Memórias Póstumas”, de Domício Proença Filho, que faz uma imitação artístico-estilística da prosa de Machado de Assis.
Pastichar não é uma tarefa fácil e não pode ser confundida com uma mera imitação do estilo de alguém. Trata-se de uma arte que exige extremo domínio técnico e teórico de um estudioso com relação à produção intelectual do autor que será homenageado. Marcus Vinícius Quiroga consegue em seu livro passar para o leitor o sabor e o prazer de ler Gullar com a certeza de que os versos não foram produzidos pelas mãos ou pela cabeça do escritor maranhense.
Praticamente todos os ingredientes que tornam a poesia de Gullar única dentro do universo literário mundial são resgatados por Quiroga em seu minucioso trabalho. A ênfase na natureza morta, a fragmentação dos versos, as críticas sociais, as sinestesias e a dicção marcante do autor de Dentro da Noite Veloz encontram-se muito bem representadas no livro. Em alguns momentos, o leitor desavisado pode até pensar que está a ler um texto da lavra de Gullar, tal o grau de semelhança estilística e vocabular urdido pelo escritor carioca durante a confecção dos versos.
Contudo o livro “Gullar Gullar” não pode ser lido apenas como um pastiche, pois há nele também vários momentos em que Quiroga deixa suas marcas de pesquisador da obra do poeta maranhense e faz enlaces com dados biográficos de Gullar, o que pode proporcionar ao leitor momentos bastante interessantes de cruzamento do que vem a ser texto gullariano relido por Marcus Quiroga e do que pode ser a marca quiroguiana dentro das estruturas poéticas de Gullar. Mas de qualquer maneira, o amante da boa poesia sairá satisfeito com o resultado final da tessitura poética engendrada pelo poeta-pesquisador.
Gullar Gullar não é um livro feito apenas para quem admira o trabalho do grande poeta maranhense e deseja saber algo mais sobre sua produção, mas sim é um trabalho artisticamente bem construído e que pode tanto servir como leitura lúdica, para quem deseja apenas mergulhar nas águas nem sempre límpidas e cálidas da Poesia, podendo também dar bons frutos para quem resolva lançar um olhar pragmático sobre as páginas do livro, em busca de verdades que podem se esconder por trás de cada verso.
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