JETHER, UM ADEUS
Passei o final de semana trabalhando,
ministrando aula em um curso de pós-graduação. Fiquei praticamente dois dias
sem contato muito demorado com a internet, com os amigos virtuais e com o mundo
sem fronteiras. Hoje, às cinco da madrugada, hora em que geralmente estou
acordado, escuto o barulho da moto do entregador de jornal e o característico ruído
de algo arremessado no terraço. Pego o periódico e sou surpreendido com a notícia
do covarde e brutal assassinato do poeta, bancário, ex-vizinho e sempre
amigável Jether Joran Coelho Martins.
Conheci-o na metade da década de
noventa do século passado. Primeiro pelas páginas de seu livro Poesia Revolucionária, que eu havia
comprado quase por acaso. Depois pessoalmente,
quando, em uma dessas voltas do destino, descobrir que o autor do livro morava
no mesmo prédio que eu, no apartamento logo abaixo. Daí em diante gastamos
muito de nosso tempo em conversa sobre poesia, arte , música e uma de suas
paixões: a cidade Vargem Grande, terra à qual dedicou um longo trabalho de
abordagem histórica em uma abordagem bem
pessoal.
Depois que me mudei tive poucos
encontros com ele. Recentemente no reencontramos por acaso em um supermercado. Descobri
que novamente éramos vizinhos e sempre tentávamos marcar um momento para
conversar sobre literatura e arte em geral. Nunca conseguimos realizar esse
feito. A última vez que o vi foi na Feira do Livro. Conversamos durante um bom
tempo e ele disse que me mandaria seu novo livro para uma apreciação. Nunca enviou
e, lamentavelmente não mais o enviará, pois alguém resolveu pôr fim a uma vida que
ainda teria muito a oferecer a sua família, a seus amigos e às letras em geral.
Nossa
cidade está ficando cada dia mais violenta... Nós, a cada dia nos sentimos mais
inseguros, seja em casa, seja nas ruas ou em qualquer outro lugar. Os gritos de
socorro das vítimas e de seus familiares parecem não ecoar nos ouvidos das autoridades.
Os homicídios, os assaltos e os demais tipos de violências já respiram ares de
banalidade. E, entre as banalidades com que são tratadas as ocorrências e as
boçalidades dos marginais. Vamos tentando sobreviver em nossa selva de azulejos
e pedras de cantaria.
Professor Neres, foi realmente um fato lamentável. Jether Joran era um cara muito gente boa. Estávamos nos preparando para editar seu livro "O pássaro solitário". A última vez que o vi, na agência bancária onde ele trabalhava, ele me disse que estava esperando um patrocínio. Infelizmente, sua vida foi ceifada abrupta e covardemente. O original desse livro e de um outro, de autoria do pai de Jether Joran, estão em meu poder, e pretendo devolvê-los o quanto antes à sua família. Se você puder me ajudar nesse sentido, repassando-me os contatos dos familiares de nosso amigo, fico feliz.
ResponderExcluirClaunísio Amorim Carvalho
Eu sou filha de Rosana Coêlho Martins que é irmã de Jether Joran. Estávamos a procura do senhor sem termos contatos, pois meu tio já havia comentado que os livros estavam com o senhor para correção, mas não deu nenhum contato. O senhor pode entrar em contato com a gente pelo e-mail: martins_zana@hotmail.com. Obrigada :)
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