quarta-feira, 23 de setembro de 2009

PROFISSIONAL DE SECRETARIADO


PROFISSIONAL DE SECRETARIADO: ONTEM E HOJE

José Neres

(Professor do Curso de Secretariado Executivo Bilíngue da FAMA e escritor)

Lindalva Barros

(Professor do Curso de Secretariado Executivo Bilíngue da FAMA)




No começo da década de 80, os ouvintes das emissoras de rádio eram bombardeados com sucessos musicais de diversos gêneros. Entre as canções mais executadas nas rádios estava uma interpretada pela cantora Julia Graciela, uma argentina que alcançou grande sucesso no Brasil. A letra era bastante simples e chamava atenção pelo refrão que dizia: “Precisa-se de moça, boa aparência pra secretária, tem que ser muito bonita, descontraída e educada.”

O título da canção, “Anúncio de Jornal”, é bastante significativo, pois reproduz com grande grau de exatidão os estereótipos relacionados ao profissional de secretariado até bem pouco tempo. Primeiro temos o fato de o anúncio dirigir-se apenas às mulheres, um claro exemplo de que, na época, essa era uma função exclusivamente feminina, pois eram raros (e discriminados) os homens que se arriscavam a dedicar-se à profissão. Outros fatos que chamam atenção na letra da música são os adjetivos usados como elemento de seleção: bonita/ descontraída/ educada, antecedidos da perífrase verbal “tem que”, como impositivo de uma condição sine qua non para conseguir o emprego. Em momento nenhum é pedida alguma referência relativa à escolaridade, à formação acadêmica ou a qualquer outra capacitação para o trabalho. Outro elemento que aparece no restante da música é a identificação da secretária como amante do patrão e tratada como objeto de desejo sexual, podendo ser descartada quando não há mais interesse por ela.

Era mais ou menos assim, infelizmente, que a secretária era vista pela sociedade. Não havia uma seleção séria para exercer o cargo e um rosto bonito, emoldurado por cabelos bem cuidados e acompanhado de um corpo torneado substituíam o currículo na hora da seleção. Durante muito tempo, ao profissional de secretariado era praticamente vedado o direito de almejar voos mais altos. Seu destino estava praticamente traçado: iria datilografar (depois digitar) textos redigidos pelos chefes, atender ao telefone, servir água e café nas reuniões, redigir as atas e, de preferência, permanecer calado, para não atrapalhar o andamento do serviço.

É bom ressaltar também que, constantemente, o vocábulo secretária era utilizado como sinônimo eufemístico de empregada doméstica ou de prostituta. Essa última acepção da palavra fez muito sucesso na voz do hoje quase esquecido cantor César Sampaio na composição que tem como título “Secretária da Beira do Cais”. Ainda em nosso cancioneiro popular, Amado Batista também canta a música intitulada “Secretária”, na qual reproduz praticamente todos os estereótipos relacionados à profissão, principalmente a ideia de ver a profissional como uma espécie de fetiche de conotação sexual.

E hoje, será que o profissional de secretariado ainda mantém o perfil continua o mesmo de décadas atrás?

Felizmente não! Para começar, a profissão não é mais uma exclusividade feminina, e diversos homens descobriram nas atividades secretariais um novo nicho empregatício. O que antes era visto como algo exótico e propenso às mais variadas formas de discriminação é, agora algo comum.

Com a criação de cursos voltados para secretariado, primeiro em nível técnico-profissionalizante, e depois superior, a profissão começou a ser vista de modo diferente, alcançando um grau maior de respeitabilidade. Hoje, apesar de ainda haver um ranço de preconceito, já não se associa mais o profissional de secretariado tão somente aos aspectos de beleza e de subserviência ao imediato superior. Já é possível notar que a época de Servir cafezinho nas reuniões, de permanecer calado e de datilografar/digitar documentos preocupando-se tão somente com a forma, sem a mínima preocupação com o conteúdo, está ficando para trás.

Do ponto de vista prático, o profissional de secretariado hoje tem (ou deve ter) curso superior, deve saber redigir com elegância e correção, prepara-se para estar sempre atento às inovações tecnológicas, busca conhecer outros idiomas, tem noções de empreendedorismo e não se limita mais a apenas ouvir atentamente as decisões tomadas pelas esferas superiores da administração de seu local de trabalho, mas também apresenta propostas e discute soluções para os problemas apresentados.

Em síntese, pode-se dizer que quem exerce uma função secretarial nos dias de hoje não é um ser passivo nem desligado da realidade, é, sim, alguém que deve ser sentir preparado para gerenciar situações e pessoas. Nos dias atuais, o essencial para o profissional não é mais “ter boa aparência”, ou ser uma pessoa “muito bonita, descontraída ou educada”. O que conta mais é uma formação sólida, um currículo enriquecido com curso nas mais diversas áreas, capacidade de trabalhar em equipe e, principalmente, bastante competência.


Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto!

    Tb tenho um site sobre secretariado executivo, qdo puder faça uma visita:

    http://www.isecretarias.com

    Um abraço

    Daniela P. Venegas
    contato@isecretarias.com

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