segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

SOBRE A FEIRA DO LIVRO


REPENSANDO A FEIRA
José Neres


         Com bastante atraso, a população ludovicense teve neste fim de ano mais uma edição da Feira do Livro. Com fraca (ou quase inexistente) decoração, sem a presença de grandes nomes da literatura nacional, a quinta edição da FELIS tem tudo para ser considerada a menos organizada e, talvez, a menos movimentada. A desculpa da greve dos policiais e a consequente insegurança da população para sair de casa não parece ser a mais plausível, já que os bares da capital continuavam lotados, com ou sem a presença de policiais nas ruas...
         O evento em si, nos primeiros momentos, contou apenas com a propaganda boca-a-boca entre as pessoas que vivem nos meios literários e algumas pessoas que passavam pela Praça Maria Aragão e viam os operários montando as tendas. Por sinal, até a hora da abertura do evento, nem todos os ambientes estavam prontos causando constrangimento aos visitantes, que tinha que tomar todo cuidado com os materiais soltos e que poderiam trazer perigo aos transeuntes.
         De modo geral, a V Feira do Livro teve acertos e erros. Dentre os acertos está a escolha dos homenageados (Aldo Leite, João do Vale, Sonia Almeida e Mário Meirelles) pessoas ligadas à arte, com um patrono (José Chagas) que merece todas as homenagens. No entanto o que novamente se viu é que essas homenagens praticamente se limitaram a algumas imagens e a nomes dados aos locais do evento. Seria bom que houvesse também mais palestras e circuitos de discussão sobre a obra dos homenageados, além de exposição de seus trabalhos, o que, infelizmente, não aconteceu.
         A comissão organizadora, ao distribuir os espaços deveria preocupar-se também com o conforto acústico dos palestrantes, visitantes e demais convidados, pois o que se viu foi uma disputa desleal entre escritores no espaço de lançamento de livros ou no Café Literário e os sons externos, que variavam ente o burburinho comum dos transeuntes, músicas e outras apresentações paralelas. Também não ficaram claros os critérios de distribuição dos ambientes climatizados. De um lado, havia espaços lotados, com pessoas se abanando com livros, jornais e revistas, e do outro, salas vazias devidamente climatizadas...
         O público, que andou sumido no início, reapareceu nos três primeiros dias, mas o interesse maior não parecia ser assistir às palestras, aos lançamentos de livros ou conhecer as novidades literárias. Muitos foram apenas para atualizarem seus perfis nos sites de relacionamento. Isso pode ser constatado pelo grande número de pessoas empunhando máquinas digitais e pelas poucas sacolinhas recheadas de livros. Para melhorar o volume de vendas, algumas promoções eram feitas, inclusive com o sorteio de um computador portátil e uma cesta de livros, além do adiamento do encerramento oficial do espaço destinado à comercialização dos, que ficará aberto até o dia 06, quando será inaugurada a Árvore de Natal, com a presença o Papai Noel – talvez só ele mesmo para trazer de presente um pouco de esperança para nossa gente!
         Os debates foram de bom nível, com palestrantes que se dispuseram a compartilhar um pouco de seus conhecimentos, de suas angústias e de suas experiências com o mundo das letras. Infelizmente o público andava meio arredio e quase sempre o palestrante falava para os próprio familiares ou para amigos que prestigiavam sua performance. Mas quem se aventurou a entrar em um dos espaços de lançamento de livro, palestra ou relato de experiência não se arrependeu e, certamente, aprendeu bastante naqueles minutos de interação cultural.
         Outro lado bom da história é ver crianças e jovens circulando entre livros. Se não compravam, pelo menos tinham contato direto com alguns escritores ou, no mínimo, se divertiam com o ambiente festivo do evento. Todos nós estamos torcendo para que no próximo ano todos os comentários sejam positivos ou então que as falhas, que sempre hão de existir, sejam suplantadas pela imensa quantidade de acentos. São Luís e sua população merecem esses momentos em que as artes em geral sejam o centro da atenção da cidade.

Um comentário:

  1. Olá prof.! Gostei muito de suas colocações a respeito da Feira do Livro, infelizmente esses pontos negativos não acontecem somente no Maranhão. Sou professora da rede pública e estou com um projeto de resgate de autores e obras esquecidos no Maranhão, na verdade é apenas um embrião, e gostaria de algumas dicas suas, pois andei lendo algumas de suas publicações no Jornal O Estado do Maranhão e percebi que você entende bastante do assunto.O trabalho é para ser realizado em âmbito acadêmico como projeto de Extensão universitária. Não sou maranhense, mas atualmente estou morando em Açailândia-Ma e trabalhando com turmas de Letras na UEMA daqui e percebi a pouca valorização dos autores do Maranhão no curso de letras. Caso lhe interesse entre em contato por e-mail para conversarmos melhor. Um abraço e parabéns pelo belíssimo trabalho!!!

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