segunda-feira, 8 de abril de 2013

JETHER, UM ADEUS


JETHER, UM ADEUS

Passei o final de semana trabalhando, ministrando aula em um curso de pós-graduação. Fiquei praticamente dois dias sem contato muito demorado com a internet, com os amigos virtuais e com o mundo sem fronteiras. Hoje, às cinco da madrugada, hora em que geralmente estou acordado, escuto o barulho da moto do entregador de jornal e o característico ruído de algo arremessado no terraço. Pego o periódico e sou surpreendido com a notícia do covarde e brutal assassinato do poeta, bancário, ex-vizinho e sempre amigável Jether Joran Coelho Martins.
Conheci-o na metade da década de noventa do século passado. Primeiro pelas páginas de seu livro Poesia Revolucionária, que eu havia comprado quase  por acaso. Depois pessoalmente, quando, em uma dessas voltas do destino, descobrir que o autor do livro morava no mesmo prédio que eu, no apartamento logo abaixo. Daí em diante gastamos muito de nosso tempo em conversa sobre poesia, arte , música e uma de suas paixões: a cidade Vargem Grande, terra à qual dedicou um longo trabalho de abordagem histórica em uma abordagem  bem pessoal.
Depois que me mudei tive poucos encontros com ele. Recentemente no reencontramos por acaso em um supermercado. Descobri que novamente éramos vizinhos e sempre tentávamos marcar um momento para conversar sobre literatura e arte em geral. Nunca conseguimos realizar esse feito. A última vez que o vi foi na Feira do Livro. Conversamos durante um bom tempo e ele disse que me mandaria seu novo livro para uma apreciação. Nunca enviou e, lamentavelmente não mais o enviará, pois alguém resolveu pôr fim a uma vida que ainda teria muito a oferecer a sua família, a seus amigos e às letras em geral.
                Nossa cidade está ficando cada dia mais violenta... Nós, a cada dia nos sentimos mais inseguros, seja em casa, seja nas ruas ou em qualquer outro lugar. Os gritos de socorro das vítimas e de seus familiares parecem não ecoar nos ouvidos das autoridades. Os homicídios, os assaltos e os demais tipos de violências já respiram ares de banalidade. E, entre as banalidades com que são tratadas as ocorrências e as boçalidades dos marginais. Vamos tentando sobreviver em nossa selva de azulejos e pedras de cantaria.

2 comentários:

  1. Professor Neres, foi realmente um fato lamentável. Jether Joran era um cara muito gente boa. Estávamos nos preparando para editar seu livro "O pássaro solitário". A última vez que o vi, na agência bancária onde ele trabalhava, ele me disse que estava esperando um patrocínio. Infelizmente, sua vida foi ceifada abrupta e covardemente. O original desse livro e de um outro, de autoria do pai de Jether Joran, estão em meu poder, e pretendo devolvê-los o quanto antes à sua família. Se você puder me ajudar nesse sentido, repassando-me os contatos dos familiares de nosso amigo, fico feliz.
    Claunísio Amorim Carvalho

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    1. Eu sou filha de Rosana Coêlho Martins que é irmã de Jether Joran. Estávamos a procura do senhor sem termos contatos, pois meu tio já havia comentado que os livros estavam com o senhor para correção, mas não deu nenhum contato. O senhor pode entrar em contato com a gente pelo e-mail: martins_zana@hotmail.com. Obrigada :)

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