segunda-feira, 12 de outubro de 2009

ANTÔNIO AILTON

Apesar de ter saído no jornal com o nome de outra pessoa, o este artigo é de minha autoria...


PERAMBULANDO PELAS HABITAÇÕES

José Neres

A geração poética de 90 legou à literatura maranhense grandes nomes que agora, quase no final da primeira década do século XXI, começam a amadurecer seus frutos. Claro que nessa caminhada de quase vinte anos alguns escritores se perderam ou desistiram de continuar na luta com as palavras escritas. Outros, no entanto, apesar de alguns tropeços e percalços, continuaram suas jornadas e começaram a solidificar suas obras e tentam eternizar seus nomes no rol dos talentos maranhenses.

Entre os que não desistiram diante dos obstáculos de publicação, divulgação e promoção de seus trabalhos está o poeta e ensaísta Antônio Aílton, um escritor várias vezes laureado em concursos e que publicou “As Habitações do Minotauro” (2000) e “Humanologia do Eterno Empenho: conflito e movimento trágicos em A Travessia do Ródano de Nauro Machado” e que, após conquistar o prêmio Eugênio Coimbra Júnior, promovido pela Fundação de Cultura da Cidade de Recife, publica também “Os Dias Perambulados e outros Tortos Girassóis” (2008).

O fato de dividir-se entre a criação poética e a crítica ensaística, que poderia trazer problemas para uma pessoa com poucos recursos intelectuais e argumentativos, transformou-se, para Antônio Ailton, numa espécie de arma contra as mesmices literárias. Suas constantes leituras transparecem nas páginas de seus textos e imprimem em cada verso uma dicção própria de quem tem total consciência de seu fazer poético e das conseqüências das palavras impressas no papel. Seus versos não perseguem o lirismo fácil e banal, pelo contrário, estão sempre em busca do inusitado e do aparentemente indizível. Seus poemas não claudicam diante dos obstáculos e seguem em marcha, ora mais lenta, ora mais acelerada, rumo a soluções poéticas que vão além das rimas e da metrificação.

Tendo como amarras o ritmo cadenciado imposto por cada situação e a temática a ser desenvolvida, o eu lírico de Antônio Ailton age como um flâneur vagando em busca de algo desconhecido até para ele mesmo. Nos seus livros, o poeta não pretende encontrar soluções mágicas para os inúmeros problemas do mundo, nem mesmo busca entender ou explicar o que se passa no entorno de suas angústias e observações. Contudo, é exatamente desse constante observar da realidade que o poeta, como um voyeur consciente de que pode perder a visão a qualquer instante, retira a matéria bruta que será lapidada em forma de poema.

Tanto em “As Habitações do Minotauro” quanto em “Os Dias Perambulados e Outros Tortos Girassóis”, tudo parece estranho para o leitor, no entanto, cada verso traz também a sensação do dèja vu, não pelas questões intertextuais que permeiam os versos, mas sim pela certeza de que cada poema, cada estrofe e cada verso falam das dúvidas, da realidade e dos anseios do homem em geral. Os textos rápidos não dão tempo para o leitor respirar e o sufocam cada tentativa de tomar fôlego.

Em suma, os poemas de Antônio Ailton não são feitos para serem lidos por quem busque apenas lirismo e formas bem comportadas, mas sim por quem tenha coragem de perambular por um labirinto de sensações e de palavras e de onde, às vezes, a única saída é enfrentar algumas verdades para as quais fechamos os olhos no nosso dia a dia.


Um comentário:

  1. Estimado Profº José Neres.
    Estamos publicando seus textos sobre os nossos poetas no Maranharte, espero que não desaprove tal audácia. Mas penso que o senhor é nosso parceiro (voluntário ou não!).
    AbraÇOS.

    P.S. - jÁ FALEI COM O aLBERICO cARNEIRo e ele só pediu que colocássemos a fonte ( algo que sempre fizemos, é claro).
    P.S. 2 - Peço que nos informe das atividade que envolva a nossa literatura, só ficamos sabendo do encontro em Imperatriz depois de ter ocorrido o evento. Obrigado.

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