quarta-feira, 28 de julho de 2010

CONTOS EM DUAS LETRAS

 Na falta do que fazer, surgem algumas brincadeiras com a linguagem, como, por exemplo, os dois continhos que seguem. Espero que gostem...
 

VIRGEM VIOLENTADA
 José Neres

Fonte imagem: http://surtocoletivo.files.wordpress.com/2009/08/abuso_sexual1.jpg?w=250&h=383
            - Vô Valdemar, Vitório violentou Virgínia!
            - Viche! Verdade, Valberto ?
            - Verdade verdadeira, vovô! Vicente viu.
            - Vamos ver. Vizinhança vem vindo. Vamos, Valberto.
            - Vamos, vovô!...

---------------x-------------------

            Várias vezes, Vovô Valdemar vira Virgínia varrendo varanda. Vestidinho vermelho, velhinho... Vendendo vitalidade. Virgínia valorizava virgindade, vivia vangloriando-se: “Vivo virgem, valorizo-me.”
            Verdadeiro voyeur, Vitório vigiava Virgínia. Violentava-a visualmente. “Vou ver Virgínia varrendo. Voltarei.”
            Vicente, vagabundo velhaco, vaticinou: “Vai violentá-la. Vou ver, vou ver...” Vicente viu.
            Vestidinho vermelho, Virgínia varria varanda. Vitório vinha vindo. Virgínia virou-se, viu Vitório violentamente vencê-la, virá-la, violentar-lhe ventre virgem, verter vertiginoso vômito viril.
            Vicente viu Virgínia vestir velhíssimo vestido vermelho. Virgínia Voltou. Vicente viu vidro. Viu veneno. Viu Virgínia, vermelha, vomitar verde vômito. Vicente viu vida vazia.



COLEGAS
José Neres

Célio Costa conheceu Cristiane Castro comprando calcinhas. Começaram conversando, combinaram comer camaroada. Comeram. Conversaram. Conquistaram-se. Começaram comprar coisas: copos, colheres, colchas, cobertores, cama...
Casa comprada, casaram-se.
Célio Costa começou comparar Cristiane Castro com Carlinha, colega conversadeira, comprometida com Carlos Custódio, cognominado Carlão, conhecido comerciante carioca. Carlão comercializava cocaína, crak, canabis...
Carlão começou com ciúmes.
Célio comentou com Carlinha. Carla contrapôs:
- Como ciúmes? Carlão confiava cegamente.
Contudo Carlão considerando-se corno, convocou curriola, combinou castrar Célio, caso confirmasse corneação.
Começou caçada.
Célio Costa conversava com colegas, comia codorna. Comemorava campeonato com cerveja, cachaça, conhaque. Chegou Carlão com canalhada. Carlinha conversava com Célio.
Correria.
Célio cai. Carlão com cutelo corta-lhe calça. Célio chora. Com calma, Carlos Custódio corta-lhe caroços.
Chega Cristiane. Corajosa, corre contra Carlão. Chora. Curva-se, chora:
- Covarde, covarde, castrou Célio, covarde!
Carlão corre.
Célio, castrado, chorava.

Um comentário:

  1. Caro mestre, maravilhosos contos pela riqueza de jogar com a linguagem. Quanta criatividade! você é tremendamente inteligente!Deus te abençoe sempre, e parabéns mais uma vez . Um abraço, e seu blog está ótimo. Voltarei. Vá ao Recanto das letras, onde estou como Lêda Torre,e visite meu blog ledapoeta.blogspot.com

    ResponderExcluir