terça-feira, 17 de agosto de 2010

LITERATURA INFANTO-JUVENIL


A LITERATURA INFANTO-JUVENIL NO 

MARANHÃO – PARTE  I I



José Neres
(O Estado do Mararnhão, 23 de agosto de 2010)


            Entre os maranhenses, há escritores de todos os gêneros literários que se notabilizaram por suas obras tidas como “adultas”, mas que também deixaram suas contribuições, mesmo que esporádicas, na tessitura de obras infanto-juvenis.
            Um exemplo disso é Odylo Costa, filho, sonetista de primeira linha da poesia de língua portuguesa, respeitado jornalista e ficcionista, e que, em alguns momentos, dedicou seu grande talento à causa da formação de leitores e à divulgação dos valores positivos à juventude. Em seu hoje pouco lembrado livro “Os bichos do céu”, de 1972, o escritor usa diversos animais como protagonistas de poemas curtos que misturam questões religiosas e a formação de valores diversos, como educação, religiosidade, paciência e solidariedade, tudo embalado por melodiosas rimas e por um ritmo cadenciado, sem esquecer a adequação verbal à faixa etária a que se destinam os versos.
            Outro que também tem sua produção literária infanto-juvenil pouco divulgada é o poeta, contista, tradutor e crítico de arte Ferreira Gullar. Dono de uma vasta bibliografia que vai da poesia ao memorialismo, passando pelo cordel, pelo teatro e pelo ensaio, o autor de “Poema Sujo”, além de fazer uma das melhores adaptações do Dom Quixote de La Mancha para o público que começa a despertar para as obras clássicas, também publicou “Um gato chamado Gatinho” (2000) e “Dr. Urubu e outras fábulas” (2005). No primeiro, todos os poemas têm como foco principal um gatinho muito esperto e sua relação com o dono. No segundo, são poemas de extensão variada em torno de animais como papagaio, formiga, macaco, abelha, aranha e o urubu, entre outros animais. A intenção dos versos de estrutura bastante simples é apresentar os animais e suas características básicas aos jovens que começam a descobrir os inúmeros elementos da fauna e, ao mesmo tempo, transmitir algumas noções de valores aos novos leitores.
            Há casos em que a contribuição de determinados escritores para as letras infanto-juvenis é bastante pontual, mas mesmo assim assume uma relevância que não pode ser deixada de lado na hora de um levantamento dos nomes que se dedicaram a esse gênero literário no Maranhão.
            É o caso de Dagmar Destêrro, Arlete Nogueira da Cruz, José Ewerton Neto e Ubiratan Teixeira, autores de poucos, mas significativos trabalhos para a formação dos jovens leitores. Dagmar Destêrro, poetisa bastante ligada à essência da vida e também educadora preocupada com a divulgação dos grandes vultos de seu estado natal, escreveu “A vida de Benedito Leite para crianças”, livro no qual tenta divulgar a imagem de um dos grandes políticos que atuaram no Maranhão. Depois de ter seu nome solidificado como poetisa, pesquisadora e ficcionista, Arlete Nogueira da Cruz publicou seus “Contos Inocentes”, uma coletânea de historietas de cunho metafórico, que servem tanto para diverti as crianças como para levar adultos a uma reflexão acerca de vários aspectos da vida e das mazelas sociais.
            José Ewerton Neto, conhecido pelo hábil manejo com a palavra em seus romances e pelo estilo cortante de suas crônicas semanais, é autor também do premiado “O Menino que via o além”, uma bela fábula sobre a passagem do tempo e a própria condição humana. De forma envolvente, o autor leva o leitor a uma viagem ao interior do próprio homem, em busca da criança que habita cada ser. O jornalista, cronista e teatrólogo Ubiratan Teixeira brinda o leitor com “Búli-Búli” um livro que pode ser lido tanto por crianças, quanto por adolescentes e adultos, pois traz em suas temáticas descobertas, relações familiares, mistério e uma boa dose de aventura.
            Contudo, nem todos os escritores fazem apenas participações esporádicas nesse universo de palavras destinadas às crianças, alguns  se dedicam com afinco à tarefa de escrever para o público infanto-juvenil, tanto em termos de quantidade, quanto em qualidade, conforme será visto em outra ocasião.


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