terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O JABUTI QUE FALAVA INGLÊS


Inexplicavelmente, virou senso comum dizer que o Maranhão não tem literatura voltada para o público infanto-juvenil. Quem diz isso talvez nunca tenha ouvido falar em Viriato Correia (Cazuza), Lenita Estrela de Sá (A Filha de Pai Francisco e Lagartinha Crisencrise), Ubiratan Teixeira (Buli-Búli), Lucas Baldez (Viagem ao Mundo da Imaginação), Wilson Marques (com a série Touchê...) ou de Josué Montello (A formiguinha que Sabia Dançar, A Cabeça de Ouro, Calunga), para ficar apenas em alguns autores.

Claro que ainda não temos uma tradição e uma linha editorial voltada para o público que começa a entrar em contado com os livros. Isso pode ser facilmente verificado quando se nota que, em nossas escolas, os livros paradidáticos quase nada têm a ver com a realidade regional. Mas isso é outra história que envolve dezenas de outros fatores, sobre os quais comentarei um dia desses.

Para engrossar a esse pequeno, contudo valoroso rol de escritores maranhenses dedicados a criar leitores, estréia em livro Joaquim de Oliveira Gomes, com O Jabuti que falava Inglês (Editora Fama, 2008). Um trabalho bem cuidado, em formato quadrado e com ilustrações coloridas de autoria do artista Beto Nicácio. O único porém com relação à diagramação é, talvez, a letra um pouco pequena demais para uma garotada que vê um Universo de desdobrando diante de seus olhos. Mas esse é só um detalhe técnico que pode ser corrigido em futura edição.

Usando um vocabulário fluido e um tom de encantamento, Joaquim Gomes mostra, em forma de alegoria, como o deslocamento inicial causado pelo contato com as diferenças pode ser marcante. O autor mostra também em sua fábula que gentileza, educação, companheirismo e solidariedade independem de língua, raça ou cultura e podem ser encontrados na torça de experiências entre seres de origens distintas. Para mostrar isso, o autor usa com sobriedade a metáfora do relacionamento entre seres humanos e animais. O Jabuti da fazendo, o único a falar inglês ali, serve como porta-voz das diferenças e uma espécie de ponderador entre as diversas personalidades abordadas na pequena obra.

Como a maioria das obras desse gênero, O Jabuti que Falava Inglês serve para divertir e para educar e pode ser lido em diversas camadas, dependendo do grau de amadurecimento do leitor. Esperamos que o autor não pare apenas nesse livro e possa brindar nossos jovens e crianças (e até os adultos) com outras histórias do mesmo quilate.
Os interesandos no livro podem entrar em contato com o autor pelo
email joaquim@fama ou pelo telefone 99741823

3 comentários:

  1. Muito bom texto, que serve de alerta para aqueles que não conhecem ainda a litratura infanto juvenil maranhense.

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  2. Neres, obrigado pelos seus comentários sobre o meu livro. Você, com o seu olhar experiente e amante da literatura, registrou aspectos que vão além da história, com apuro e pertinência. Um novo projeto já vem sendo desenhado para este ano. Meu abraço, Joaquim

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  3. ok. cheguei no blog. vou linká-lo lá no meu. abraços. dyl pires.

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