UM PAPO ÉTICO E POÉTICO
José Neres
Paulo Melo Sousa: fonte a imagem: internet |
As
pessoas, em sua maioria, tendem a esperar que todas as ações saiam da
iniciativa dos poderes constituídos. Com nem sempre há o interesse político de
fazer algo pelo povo, essas pessoas acomodadas acabam paradas no tempo, na vã
expectativa de que, em uma canetada oficial, todos os problemas sejam
resolvidos. Como a mão que segura a caneta quase nunca faz o que a grande massa
quer, todos ficam a ver navios, lanchas, trens, ônibus... lotados de
incertezas.
No
entanto, outras pessoas percebem que para fazer algo nem sempre a subvenção
pública é essencial ou imperativa e, com coragem, senso de oportunidade e
muita, muita criatividade, conseguem dar vida nova ao que a maioria já julgava
morto ou pelo menos em coma. Nesse segundo grupo, pode-se inserir o nome do
poeta Paulo Melo Sousa, que, com uma visão de homem inteiramente voltado para a
cultura, idealizou e pôs em prática o projeto Papoético, que acontece
normalmente uma vez por semana.
Recitais,
lançamentos de livros, exibição de filmes, discussões filosóficas e exposição
de ideias são algumas das muitas atividades que fazem desse projeto algo
singular em nossa capital. Para começar, Paulo Melo Sousa encontrou um local
que junta praticidade, música e poesia em poucos metros quadrados: O
bar/sebo/livraria do Chiquinho, na Rua de São João. Logo na chegada, o
visitante se encanta com a decoração que o fará voltar no tempo e com a
acolhida do dono que vem abrir a porta e dar as boas vindas. Após subir as
escadas, um mundo de livros, discos de vinil e de imagens, espera quem deseja
alguns minutos mergulhado nem um rio de cultura e de diversão.
Utilizando
o e-mail e as informações boca a boca como principais formas de divulgação, o
mentor do projeto consegue arregimentar as pessoas que frequentam o local. Nem sempre
o público é grande, mas sem dúvida é sempre bastante atento às discussões
levantadas no evento e dali podem surgir novas ideias e assuntos que irão além
do senso comum e das discussões televisivas sobre as moças bonitas e os galãs
fabricados pela mídia. A conversa ali costuma girar em outras esferas mais
elevadas...
Nos encontros
semanais, o público pode entrar em contato com o que é produzido nas artes
contemporâneas maranhenses e brasileiras e ainda poderá encontrar com algumas pessoas
que têm participação ativa na construção da cultura contemporânea. Na última
quinta (16.02), o professor e cientista político Flávio Reis recepcionou
dezenas de pessoas que foram prestigiar o lançamento do livro Guerrilhas, uma
coletânea de artigos escritos na última década e que mantêm seu grau de
atualidade por conta das temáticas escolhidas e da forma de abordar os assuntos
Quem for ao
Papoético não irá se arrepender e perceberá logo que uma boa ideia pode ser
levada à prática mesmo sem o apoio logístico das autoridades. E quem ganha com
isso são os amantes das artes, que ganharam um elegante espaço para um papo que
é sempre poético, mas sem perder o senso ético.
Muito bom saber da existência desses espaços. Em São Luís, atualmente existe público alvo para isso, só falta eles tomarem conhecimento.
ResponderExcluirComo sugestão para o blog, proponho integrar a seção "comentários" com o facebook. Fica muito mais dinâmico e fácil para se autenticar.
Parabéns pelo blog.