sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

PAPOÉTICO


UM PAPO ÉTICO E POÉTICO
José Neres


Paulo Melo Sousa: fonte a imagem: internet
                As pessoas, em sua maioria, tendem a esperar que todas as ações saiam da iniciativa dos poderes constituídos. Com nem sempre há o interesse político de fazer algo pelo povo, essas pessoas acomodadas acabam paradas no tempo, na vã expectativa de que, em uma canetada oficial, todos os problemas sejam resolvidos. Como a mão que segura a caneta quase nunca faz o que a grande massa quer, todos ficam a ver navios, lanchas, trens, ônibus... lotados de incertezas.
                No entanto, outras pessoas percebem que para fazer algo nem sempre a subvenção pública é essencial ou imperativa e, com coragem, senso de oportunidade e muita, muita criatividade, conseguem dar vida nova ao que a maioria já julgava morto ou pelo menos em coma. Nesse segundo grupo, pode-se inserir o nome do poeta Paulo Melo Sousa, que, com uma visão de homem inteiramente voltado para a cultura, idealizou e pôs em prática o projeto Papoético, que acontece normalmente uma vez por semana.
                Recitais, lançamentos de livros, exibição de filmes, discussões filosóficas e exposição de ideias são algumas das muitas atividades que fazem desse projeto algo singular em nossa capital. Para começar, Paulo Melo Sousa encontrou um local que junta praticidade, música e poesia em poucos metros quadrados: O bar/sebo/livraria do Chiquinho, na Rua de São João. Logo na chegada, o visitante se encanta com a decoração que o fará voltar no tempo e com a acolhida do dono que vem abrir a porta e dar as boas vindas. Após subir as escadas, um mundo de livros, discos de vinil e de imagens, espera quem deseja alguns minutos mergulhado nem um rio de cultura e de diversão.
                Utilizando o e-mail e as informações boca a boca como principais formas de divulgação, o mentor do projeto consegue arregimentar as pessoas que frequentam o local. Nem sempre o público é grande, mas sem dúvida é sempre bastante atento às discussões levantadas no evento e dali podem surgir novas ideias e assuntos que irão além do senso comum e das discussões televisivas sobre as moças bonitas e os galãs fabricados pela mídia. A conversa ali costuma girar em outras esferas mais elevadas...

Nos encontros semanais, o público pode entrar em contato com o que é produzido nas artes contemporâneas maranhenses e brasileiras e ainda poderá encontrar com algumas pessoas que têm participação ativa na construção da cultura contemporânea. Na última quinta (16.02), o professor e cientista político Flávio Reis recepcionou dezenas de pessoas que foram prestigiar o lançamento do livro Guerrilhas, uma coletânea de artigos escritos na última década e que mantêm seu grau de atualidade por conta das temáticas escolhidas e da forma de abordar os assuntos
Quem for ao Papoético não irá se arrepender e perceberá logo que uma boa ideia pode ser levada à prática mesmo sem o apoio logístico das autoridades. E quem ganha com isso são os amantes das artes, que ganharam um elegante espaço para um papo que é sempre poético, mas sem perder o senso ético.

Um comentário:

  1. Muito bom saber da existência desses espaços. Em São Luís, atualmente existe público alvo para isso, só falta eles tomarem conhecimento.

    Como sugestão para o blog, proponho integrar a seção "comentários" com o facebook. Fica muito mais dinâmico e fácil para se autenticar.

    Parabéns pelo blog.

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