sábado, 21 de fevereiro de 2009

OS CONTOS CRUÉIS DE BRUNO TOMÉ FONSECA


Acabo de reler (sim, de reler mesmo, pois esse trabalho merece ser lido e relido) os originais de CONTOS CRUÉIS, livro de estreia de Bruno Tomé Fonseca. Não sei quando será lançado o livro, mas espero que seja em breve, pois as letras maranhenses carecem de prosadores de talento que engrossem nossas fileiras literárias.

São apenas sete contos, a maioria com narração em primeira pessoa, mas que trazem em comum personagens angustiadas e que buscam desesperadamente encontrar um motivo para continuar a própria existência. Ironicamente, o autor coloca no mesmo patamar de tédio e de angústia, um escritor de best sellers, uma lésbica abandonada pela parceira, um advogado em crise existencial, um músico cheio de frustrações e duas bactérias que mantém um diálogo ao mesmo tempo filosófico a respeito da própria existência e da possibilidade de haver vida além do “túnel úmido”.

O desejo de conhecer o mundo e ao mesmo tempo de (re)conhecer-se como parte integrante das sempre contraditórias insanidades do mundo; a certeza de alcançar seus objetivos plenamente e a busca desesperada por algo que possa encher o vazio do viver são as marcas essenciais dos CONTOS CRUÉIS de Bruno Tomé Fonseca. Os leitores mais acostumados com as narrativas contemporâneas não deixarão de identificar nos contos algumas pinceladas de leituras de Rubem Fonseca, Patrícia Melo, Dalton Trevisan... e voltando um pouco mais no tempo, de Franz Kafka, Charles Bukowski e Roberto Arlt, mas sem tentativa de imitação, mas apenas de inspiração técnica e temática.

Esperemos que o livro seja editado e chegue às mãos de quem aprecia a literatura contemporânea. Alguns contos podem chocar leitores mais sensíveis, mas isso é bom, pois, às vezes é preciso lembrar ao mundo que além das rosas e dos jardins há também o esterco, os porcos e as bactérias.

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