quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

FONTES ESQUECIDAS

Infelizmente, publicar um livro é uma tarefa árdua e quase senpre desgastante. Há quem o faça para realizar um sonho, mas com a consciência de que dela talvez nunca sera dito uma palavra de modo mais crítico.

Acredito que o papel de quem tem a oportunidade de trabalhar com a literatura não é tão somente a de falar sobre as obras e os autores canonizado. Particularmente, gosto de escrever sobre livros que ficaram sem ressonância na memória literária. Hoje falarei sobre Fontes de Inspiração, livro de A. T. Fróes, e que me foi gentilmente ofertado por Laura Fróes, uma querida aluna por quem tenho grande carinho, e filha do autor. Espero, com esse modesto artigo, cumprir com meu papel de educador e de divulgador das letras de minha província.


FONTES ESQUECIDAS
José Neres
(Professor de Literatura)



Estamos numa época em que as tentativas de inovações no âmbito da prosa e da poesia parecem suplantar o trabalho de quem se contenta em usar as formas mais tradicionais de pôr a inspiração no papel.


Desse modo, os escritores que optam por uma literatura aparentemente menos ousada acabam, em muitos casos, condenados às trevas do ostracismo e ao limbo do silêncio. Seus livros, frutos de hercúleos esforços que vão da concepção dos textos à editoração gráfica, mesmo publicados, permanecem inéditos aos olhos do público. Não raras vezes, lançamento serve de rima para lamento, sofrimento, arrependimento e, principalmente, esquecimento.


Publicado sem muito barulho em 1998, o livro “Fontes de Inspiração”, do maranhense Antônio Torres Fróes, é uma obra que traz em cada página, em cada poema, em cada verso, o esforço do poeta de tirar da alma e da memória os lugares e os momentos que marcaram sua vida e que ficaram eternizados em sua memória.


Em uma primeira leitura, o livro pode parecer um álbum de reminiscências, um exercício de resgate das inúmeras impressões que passeiam pelas retinas do autor e que encontram no papel uma forma de eternizar-se. Porém, em um olhar mais atento, pode-se ver também que, no conjunto, o livro é uma grande declaração de amor à vida, à natureza, à terra natal e aos lugares que nunca serão esquecidos.


Em versos simples e bem ritmados, privilegiando quadras e sonetos, Antônio Torres Fróes passeia pela própria memória e dela tira a fonte primária para sua inspiração de homem encantado com a vida, mas insatisfeito com algumas situações sociais que poderiam ser corrigidas. Em verdade, as forças motrizes que do livro são as seguintes: um passado que só pode ser recuperado pela memória, um olhar para os lugares visitados e os diversos painéis de um cotidiano que mistura lirismo e saudade.


A. T. Fróes, como está grafado na capa do livro, deseja pura e simplesmente dar vazão a seus próprios sentimentos, despertando no leitor a empatia para com as situações apresentadas. Em alguns poemas é possível notar o descontentamento do eu-lírico com o quadro social do país e do mundo. Em outros momentos, há o sobressair de emoções que não podem ser contidas pelo uso da razão e que encontram na poesia o escoadouro necessário.


Em suma, Fontes de Inspiração pode até não ser um livro de caráter inovador na forma, no estilo nem na temática, mas, sem dúvida é uma obra que pode levar o leitor alguns pontos do elo perdido da própria existência.

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