Infelizmente, publicar um livro é uma tarefa árdua e quase senpre desgastante. Há quem o faça para realizar um sonho, mas com a consciência de que dela talvez nunca sera dito uma palavra de modo mais crítico.
FONTES ESQUECIDAS
José Neres
(Professor de Literatura)
Estamos numa época em que as tentativas de inovações no âmbito da prosa e da poesia parecem suplantar o trabalho de quem se contenta em usar as formas mais tradicionais de pôr a inspiração no papel.
Desse modo, os escritores que optam por uma literatura aparentemente menos ousada acabam, em muitos casos, condenados às trevas do ostracismo e ao limbo do silêncio. Seus livros, frutos de hercúleos esforços que vão da concepção dos textos à editoração gráfica, mesmo publicados, permanecem inéditos aos olhos do público. Não raras vezes, lançamento serve de rima para lamento, sofrimento, arrependimento e, principalmente, esquecimento.
Publicado sem muito barulho em 1998, o livro “Fontes de Inspiração”, do maranhense Antônio Torres Fróes, é uma obra que traz em cada página, em cada poema, em cada verso, o esforço do poeta de tirar da alma e da memória os lugares e os momentos que marcaram sua vida e que ficaram eternizados em sua memória.
Em uma primeira leitura, o livro pode parecer um álbum de reminiscências, um exercício de resgate das inúmeras impressões que passeiam pelas retinas do autor e que encontram no papel uma forma de eternizar-se. Porém, em um olhar mais atento, pode-se ver também que, no conjunto, o livro é uma grande declaração de amor à vida, à natureza, à terra natal e aos lugares que nunca serão esquecidos.
Em versos simples e bem ritmados, privilegiando quadras e sonetos, Antônio Torres Fróes passeia pela própria memória e dela tira a fonte primária para sua inspiração de homem encantado com a vida, mas insatisfeito com algumas situações sociais que poderiam ser corrigidas. Em verdade, as forças motrizes que do livro são as seguintes: um passado que só pode ser recuperado pela memória, um olhar para os lugares visitados e os diversos painéis de um cotidiano que mistura lirismo e saudade.
A. T. Fróes, como está grafado na capa do livro, deseja pura e simplesmente dar vazão a seus próprios sentimentos, despertando no leitor a empatia para com as situações apresentadas. Em alguns poemas é possível notar o descontentamento do eu-lírico com o quadro social do país e do mundo. Em outros momentos, há o sobressair de emoções que não podem ser contidas pelo uso da razão e que encontram na poesia o escoadouro necessário.
Em suma, Fontes de Inspiração pode até não ser um livro de caráter inovador na forma, no estilo nem na temática, mas, sem dúvida é uma obra que pode levar o leitor alguns pontos do elo perdido da própria existência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário